A atualização da Base Territorial Censitária tem como objetivo acompanhar a dinâmica da realidade, promovendo constante melhoria dos insumos geográficos operacionais de referência para a realização da coleta e para a divulgação dos resultados. Envolve a atualização da cartografia de referência, a representação atualizada dos limites político-administrativos, a atualização de informações sobre territórios específicos – (aglomerados subnormais, territórios indígenas e quilombolas, áreas protegidas) –, sobre áreas de coleta diferenciada e a classificação do território brasileiro em áreas urbanas e rurais com finalidade estatística.

Esse trabalho foi realizado de forma descentralizada pelas Unidades Estaduais e agências do IBGE a partir de conceitos e metodologias padronizados, definidos a partir de consultas e discussões técnicas com diversas instituições. Desde o último Censo Demográfico, em 2010, foram criados 5 novos municípios e 364 novos distritos, que foram incorporados aos cadastros e mapeamentos do IBGE. Nas áreas rurais, foram identificados novos 12.807 aglomerados domiciliares, que deverão ser visitados ao longo da pesquisa. A base operacional do Censo teve o acréscimo de 135.672 setores, passando de 316.574, em 2010, para 452.246 no Censo 2022, crescimento de aproximadamente 42% que reflete a dinâmica territorial do país e o aperfeiçoamento das técnicas de mapeamento pelo IBGE.

Toda esta operação de atualização foi possível através do PrjQGIS, que consiste na interface para atualização descentralizada da Base Territorial nas Unidades Estaduais e Agências do IBGE, permitindo a edição simultânea das malhas territoriais, de forma segura e consistente, por diversos atualizadores dispersos pelo país. Baseado no software livre QGIS, o projeto é totalmente desenvolvido pelos técnicos do IBGE, sendo uma referência internacional de boa prática de cartografia operacional e de sistematização de informações territoriais para fins estatísticos.

Uma importante evolução na atualização da Base Territorial do Censo 2022 foi o uso de imagens orbitais de alta resolução para todo o país. A disponibilidade destes insumos cartográficos de detalhe tornou possível aperfeiçoar os limites dos setores censitários, melhorar significativamente a classificação das áreas urbanas e rurais e ampliar a identificação de localidades rurais e remotas que antes só poderiam ser mapeadas em campo.

Como resultado, foram produzidos mapas para cada setor censitário e para os recortes operacionais da pesquisa – mapas municipais, mapas urbanos e mapas especiais de Terras Indígenas e Territórios Quilombolas. Os mapas dos setores censitários foram produzidos sempre em duas vias: uma com o croqui dos arruamentos e informações cartográficas básicas e outra com a imagem orbital de grande detalhamento para a área a ser recenseada. No total, são aproximadamente 1 milhão de mapas que orientarão as equipes de coleta em todo o país.

Para o Censo 2022, o IBGE implementou uma importante ferramenta para o planejamento sistematizado da coleta e registro das dificuldades operacionais enfrentadas pelas equipes ao percorrerem o território brasileiro. A Base de Informações Operacionais de Setores Censitários (BIOS) agrega um conjunto de informações de relevância operacional, que visam contribuir para o planejamento da coleta a partir da identificação prévia de características dos setores que facilitem o acesso aos domicílios por parte dos agentes censitários. Reúne informações que só podem ser levantadas a partir de consultas realizadas localmente, a partir de fontes diversificadas – órgãos estaduais e municipais, organizações da sociedade civil, lideranças comunitárias, jornais, mídias diversas e a partir do próprio conhecimento dos servidores do IBGE que acompanham o cotidiano das agências.

Os temas observados e coletados abrangem questões variadas como: Terras Indígenas e Territórios Quilombolas, domicílios coletivos, improvisados, cortiços e condomínios de difícil acesso; além de situações de restrição de segurança e necessidade de logística especial de acesso ao setor. A avaliação dos temas é realizada na escala do setor censitário. Assim os setores censitários contemplados com as características avaliadas na coleta da BIOS, contarão com essas informações associadas a eles, quando forem trabalhados no Censo 2022.